Torções de Tornozelo

O tornozelo é composto pela Junção de 3 ossos: Tíbia (Maléolo Medial + Face Articular Inferior), Fíbula (Maléolo Lateral) e Tálus (tróclea); os dois primeiros da perna e o último do pé.

A junção dos Maléolos Medial e Lateral (palpáveis superficialmente em ambos os lados do tornozelo) forma uma pinça, que se encaixa com um osso do pé chamado Tálus.

Essa articulação é classificada como Sinovial do tipo Gínglimo [Clique aqui e veja Todos os tipos de Articulações], realizando apenas movimento Uniaxial (um eixo de movimento) de Flexão e Extensão, tal como uma “dobradiça” (Imagem Abaixo). Obs.: os movimentos de eversão e inversão do pé (mover a planta/”sola” do pé para dentro ou para fora) são realizados no próprio pé; isso ocorre devido ao mecanismo de pinça citado acima apenas permitir flexão e extensão, conferindo maior estabilidade.

Dessa maneira, as Torções, ou Entorses, ocorrem devido a movimentos que vão além da fisiologia articular. Segundo dito popular, “a corda sempre arrebenta no ponto mais fraco”, de modo que quem são os primeiros lesados são os ligamentos, fibras de tecido conectivo que auxiliam na manutenção da congruência articular.

Entorses de Tornozelo são as lesões esportivas mais comuns!

O tornozelo é estabilizado por 3 complexos ligamentares, de modo que há 3 tipos de Entorse, cada um para o respectivo Complexo:

 

  • 3 Tipos de Entorse:
  • Lateral ( > 90% )
  • Alto ( < 10%)
  • Medial ( < 5 %)

 

»Epidemiologia: Corresponde a mais de 90% dos entorses de Tornozelos; 70 – 85% de todas as torções incluem o Ligamento Talofibular Anterior

»Mecanismo: súbita Inversão + Flexão Plantar

 

» Estruturas Lesionadas: Ligamento Colateral Lateral ( ↑ Talofibular Anterior – LTFA)

»Diagnóstico Diferencial: Fratura do V Metatarso

»Mecanismo: Torção Interna da Tíbia + Eversão e Dorsiflexão do Pé

»Estruturas Lesionadas: Ligamentos da Sindesmose Tibiofibular (Imagem Abaixo)

»Mecanismo: Eversão Súbita (raro, pois esse é o ligamento mais forte do tornozelo)

»Estruturas Lesionadas: Ligamento Colateral Medial (Deltóide)

Conduta

Após entorses, a primeira medida a ser tomada é afastar o diagnóstico de fratura de tornozelo associada. Para isso, é utilizado o protocolo chamado de “Ottawa Ankle Rules”:

  • Radiografia em caso de:
  1. Incapacidade de sustentar o pé afetado por quatro passos
  2. Dor Maleolar associada a piora com digitopressão
  3. Dor a digitopressão da Base do V Metatarso (Fratura do V Metatarso – Diagnóstico Diferencial)
  • Se não houver Fratura, reavaliar após 5 dias (4 ~ 7 dias) com os Testes de Estabilidade Ligamentares; resumo (para maior detalhamento, consultar lesões isoladamente):

 

  • Testes para Instabilidadade Lateral (Ligamento Colateral Lateral):

– Gaveta Anterior: Avalia Ligamento Talofibular Anterior (LTFA)

– Inclinação Talar – inversão: Avalia o Ligamento Calcâneofibular (LCF) e LTFA

 

– Compressão Tibiofibular

– Rotacional Externo

 

  • Teste para Instabilidade Medial

– Inclinação Talar – eversão: Avalia o Ligamento Deltóide

– Rotacional Externo: avalia Sindesmose Tibiofibular e também o Ligamento Deltoide

 

* Os testes irão apresentar instabilidade apenas em casos de Lesões Ligamentares de Grau II ou III, onde ocorre rompimento de Fibras. Veja mais sobre Graus de Lesões e Prognósticos nessa região:

  • Grau I: Ligamento Estirado sem Ruptura. Inchaço e Fraqueza mínimos. Sem perda de função ou perda de estabilidade mecânica da articulação. Tempo Aproximido de retorno: 1-2 Semanas;
  • Grau II: Rompimento Parcial do Ligamento. Dor, Inchaço e Fraqueza Moderados, tal como moderada perda de função – mobilidade articular – associada a instabilidade articular. Tempo aproximado de retorno: 2-3 Semanas;
  • Grau III: Rompimento Completo. Inchaço, Hematoma e Fraqueza acentuados. Perda de Função e Severa Instabilidade Articular, associado a dificuldade em apoiar o pé no chão – inclusive, esse é um indício que pode fornecer importante indicativo a respeito da gravidade da lesão. Tempo aproximado de retorno: 8 Semanas ou Mais;

Tratamento

⊕ Fase Aguda (≅ 72h): PRICE 

  • Proteção: Muletas
  • Repouso da articulação
  • Ice (Gelo)
  • Compressão: bandagem elástica com tala do pé até a panturrilha
  • Elevação do pé – evitar edema

*Pode ser recomendado anti-inflamatório não esteroide (AINE)

⊕ Abordagem Definitiva: Quase sempre Conservadora 

  • Fisioterapia de Reabilitação Indicada após cessar dor da fase aguda
  • Recomendado o uso de BRACE de tornozelo, o qual permite flexoextensão; dessa forma, imobilização gessada está em desuso.
  • Somente Cirurgia recomendada em casos atípicos, como fraturas associadas, lesões grau III em atletas de elite, instabilidade sintomática, entre outros.

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