O olho humano é um exemplo de erros anatômicos
30 a 40% população dos EUA e Europa possuem problemas de visão. A miopia, dificuldade de observar objetos distantes, pois o globo ocular é muito comprido, fazendo a imagem se formar à frente da retina, aumenta para mais de 70 em países asiáticos. Também ocorre a hipermetropia, onde os globos oculares são muito curtos, fazendo a imagem se formar além da retina. Na Presbiopia, relacionada ao avanço da idade, ocorre a progressiva perda da capacidade da flexibilidade do cristalina (lente do olho humano) a se focar. O início da presbiopia começa na casa dos 40 anos e por volta dos 60 virtualmente toda população possui dificuldade em focar objetos próximos. É por isso que pessoas mais velhas podem ser vistas colocando jornais um pouco mais longe de seus olhos para ler.
Nossa espécie é considerada a mais evoluída do planeta; porém, nossos olhos não são os melhores. A grande maioria das pessoas irá sofrer uma perda significativa de visão ao longo da vida, muitos ainda na infância.
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- Pássaros, especialmente águias e condores, são evolutivamente mais adaptados. Esse grupo possui maiores olhos e consequente maior entrada de luz. Em analogia com um televisor, temos uma televisão de 14 polegadas para enxergar e os pássaros uma de 50 polegadas. Além de maior entrada de luz, eles também possuem um maior número receptores na retina, local onda a luz que entra no globo ocular é projetada.
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- Os receptores – Células que detectam a luz – são os Cones, que detectam a luz, e os Bastonetes, que detectam a luminosidade.
- Humanos possuem 3 tipos de cones, que permite reconhecer 3 tipos de cores – vermelho, verde e azul – e por meio da combinação do grau de estimulação de cada uma, interpretar as outras cores no centro da visão no (hemisfério occipital do cérebro). Esse sistema de 3 cores é o mesmo dos monitores e impressoras que utilizam a combinação de
ssas cores para formar qualquer outra. Em comparação com cachorros, que possuem apenas 2 tipos de Cones (receptores de luz), apresentamos uma visão boa. Todavia, os Pássaros possuem um quarto tipo de receptor de luz (cones), o qual permite enxergar luz ultravioleta. Em função dessa capacidade, alguns podem visualizar com os olhos os campos magnéticos do polo norte e sul. Aves também possuem um tipo de óleo em seus olhos que os permite distinguir um maior número de tons. Suas pálpebras também os possibilitam a olhar diretamente para o sol, atuando como “óculos escuros”, filtrando o excesso de luminosidade.
Humanos também sofrem com o daltonismo, o qual prejudica a distinção entre cores. 6% da população mundial masculina é estimada a ter essa condição, essa que é menor em mulheres devido ao padrão recessivo Ligado ao cromossomo X.
- Além diferenciarem um tipo extra de receptores (e não sofrerem com daltonismo), pássaros possuem mais número absoluto de receptores que humanos. Isso vale tanto para cores (Cones) como luminosidade (bastonetes), conferindo visão noturna – apenas alguns fótons (partículas de luz) já são capazes se estimular seus bastonetes, assim como ocorre com os felinos.
A retina dos vertebrados não é a anatomicamente mais adaptada. O lado de nossos receptores de luz está ao contrário do sentido de chegada da luz, como se fossemos utilizar um microfone para falar e pegássemos pelo lado contrário, com o fio na frente. Foi esse o modo que a evolução moldou nossos olhos. Para a luz chegar ela precisa passar por um emaranhado de “fios”, que incluem nervos e vasos, para então chegar ao receptor. Por outro lado, os cefalópodes (polvos e lulas) obtiveram uma mutação inicial melhor adaptada, de modo que os receptores estão no sentido da chegada da luz, facilitando a visualização.
- Outro fato importante reside no fato de que os receptores estão à frente do nervo óptico (cabo que enviar os estímulos visuais ao córtex). Nos humanos, a configuração faz com que haja um “buraco” – um ponto cego – no local onde as fibras convergem para o nervo óptico. Dessa maneira, os humanos possuem um ponto cego. Não acredita? Faça o teste você mesmo:
Tape seu olhe direito e afaste lentamente da “+” (cruz); você perceberá que em determinado momento o círculo preto irá desaparecer, pois estará em seu ponto cego. O que ocorre é que aquela área não chega ao córtex visual e o cérebro recria a imagem baseada no entorno (todo branco), tornando assim o ponto preto branco (invisível)
Há um outro reste, onde fazem o mesmo, é possível ver a linha preta ser completa pelo mesmo mecanismo descrito acima.
Tal ponto não facilmente perceptível pois a visão dos dois olhos dificulta essa percepção e corrige, em parte, o “defeito anatômico”.
- Retomando a comparação com os pássaros, apesar desse grupo também ser vertebrado (e possuir os receptores virados ao avesso), esse defeito anatômico foi corrigido pela evolução. Uma estrutura chamada de Pécten presente nos olhos das aves resolve o problema da fiação (vasos e nervos), que obscurece a imagem, em frente retina. Além disso, também auxilia em uma melhor nutrição dos tecidos especializados na visão, entre outras funções.
Além de todas os problemas de visão, altamente na população, da carência e o sentido ao contrários dos receptores de luz, é tido por muito oftalmologistas que essa configuração ao avesso também facilita o descolamento de retina. Portanto, fica claro que nossos olhos, apesar de incríveis, possuem diversos defeitos anatômicos.
Bibliografia:
– Lents, Nathan H. Human Errors: A Panorama of Our Glitches, from Pointless Bones to Broken Genes. Houghton Mifflin Harcourt, 2018.
– Moore, Keith L., Arthur F. Dalley, and Anne MR Agur. Clinically oriented anatomy. Lippincott Williams & Wilkins, 2013
– https://www.audubon.org/magazine/may-june-2013/what-makes-bird-vision-so-cool
– https://en.wikipedia.org/wiki/Bird_vision