Quando adolescente, Daniel Strohschoen Bohn queria ser jogador de futebol. A decisão de cursar Medicina foi tomada no 3º ano do ensino médio, depois que o jovem, hoje com 23 anos, sofreu uma lesão bilateral no quadril e precisou passar por uma cirurgia ortopédica. Nesse momento, o desejo de seguir carreira ‘na bola’ precisou ser deixado para trás e o estudante passou a se dedicar a um novo objetivo: ser médico.
Natural de Venâncio Aires, Daniel é filho de José Bohn e Ana Maria Strohschoen. Ele cursou o ensino fundamental e médio no Colégio Bom Jesus e, atualmente, está se preparando para começar o sexto semestre do curso de Medicina, na Universidade Federal de Pelotas (UFpel). “Escolhi fazer Medicina porque queria estudar algo que fosse difícil, queria me destacar. Eu também tinha interesse em ajudar os outros. Acho gratificante”, conta.
E foi com foco e dedicação que o estudante, que quando adolescente era “o cara mais baderneiro” da sala de aula, se tornou, no último dia 11, o único brasileiro bicampeão da Olimpíada de Anatomia Elsevier, a maior competição entre estudantes de Medicina do Brasil. A quarta edição do evento promovido por uma das maiores editoras de literatura médica do mundo envolveu cerca de oito mil participantes de todo o Brasil.
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A OLIMPÍADA
Olimpíada de Anatomia Elsevier é dividida em seis fases – cinco delas são feitas online e uma presencial. A final da competição foi realizada em São Paulo e a prova foi aplicada por meio do uso de um equipamento de realidade virtual. Daniel disputou a última etapa da olimpíada com outros quatro estudantes, incluindo um gaúcho que estuda na Universidade de Passo Fundo. Os outros três finalistas são da Bahia, Paraíba e Ceará.
O futuro médico conta que ficou em dúvida sobre participar da edição deste ano, principalmente porque sabia que teria um semestre desafiador e que exigiria muito estudo na universidade. Além disso, o número de participantes e o nível de dificuldade deste ano eram maiores e existia uma pressão por ele já ter vencido a competição no ano passado. “Mas aí eu li uma frase que me marcou. Ela dizia: ‘o que você faria se você soubesse que você não pode falhar?’ Ela me inspirou e resolvi me inscrever”, relata.
Apesar de o esforço ter sido redobrado para conseguir dar conta das demandas da graduação e da olimpíada, ele destaca que a sensação de ter vencido novamente é indescritível e muito gratificante. “Foi extramente árduo, mas, ao mesmo tempo, prazeroso. É incrível a sensação de tu ter um objetivo, saber que ele é quase impossível, mas tu botar fé nele, acreditar e ir te superando.”
Para dar conta dos estudos, o jovem intercalava a revisão dos conteúdos da graduação com os relacionados à olimpíada, incluindo algumas madrugadas de estudo. “Dois dias antes da prova foquei apenas na olimpíada. Estava muito concentrado”, compartilha. A mensagem de um antigo professor, da época em que jogava na escolinha do Noca, em Venâncio, também foi um importante incentivo. “Ele me disse que ninguém tinha se preparado mais do que eu e que a parte mais difícil eu já tinha feito. Concordei com ele e fui confiante para a prova.”
PRÊMIO
• Como prêmio por ter vencido a 4ª Olimpíada de Anatomia Elsevier, Daniel ganhou uma viagem para participar do Congresso Mundial de Educação Médica 2019, em Viena, na Áustria. “É um prêmio que eu tinha muita vontade de ganhar, porque me interesso muito em educação médica, em como as pessoas aprendem e como funciona a memória. Vai ser incrível”, avalia.
• No ano passado, quando venceu a competição pela primeira vez, o estudante recebeu como prêmio a participação em um curso de Anatomia Clínica aplicada em cadáver fresco, em uma universidade da Flórida, nos Estados Unidos.
• Quando perguntado sobre no que pretende se especializar dentro da Medicina, o estudante revela que tem interesse pela área da ortopedia, mas observa que o foco é se tornar um bom médico e depois pensar na especialização.