Erros Anatômicos: Coluna Vertebral

A coluna vertebral também possui “Erros Anatômicos”. Entenda:

 

O início do “problema” se deu com o andar ereto – bípede. Esse evento evolutivo alterou a distribuição do peso pelos 4 membros para 2, de maneira que a carga axial sobre a coluna passsou a ser muito maior.

 

Para suportar a marcha bípede, foram formadas curvaturas fisiológicas; esses arqueamentos  – Cifoses e Lordoses – forneceram maior resistência e equilíbrio à coluna vertebral.

Merece destaque a parte inferior – coluna lombar -, a qual suporta e transmite toda carga vinda da parte superior do corpo à pelve e membros inferiores. Dessa maneira, essa região suporta maior carga em relação as partes mais superiores. Em função disso, , a dor lombar inferior é a queixa mais comum de trabalhadores que ficam em pé por longas horas

Além do nível da vértebra (e consequente quantidade de carga devido à massa acima sustentada), outro fator importante é o grau de curvatura. Em região de transição entre as cifoses e lordoses, como entre a parte torácica e lombar – vértebra T8 -, é onde ocorre a maior fragilidade. Após T8, aparecem em ordem descrente T12, L1 e L5 como as combinações mais frágeis, causadas pelo resultado da combinação entre altura da vértebra e grau de curvatura.

  • Além dos fatores físicos e mecânico, devido a simples mudança de apoiar o peso em 2 membros (e não 4) e a mudança do centro de massa, há fatores (“Erros“) Anatômicos:

 

Anatomia das herniações de disco:

Temos “Bubbaloos” entre as vértebras, os quais extravasam, podendo comprimir estruturas mais posteriores.

As articulações intervertebrais são articulações Cartilagíneas do tipo Sínfise. Em síntese, essas articulações possuem discos de cartilagem para amortecimento de impactos. Esses discos são sólidos, mas compressíveis. Isso ocorre pois:

 

  •  Parte externa – Anel Fibroso : composta por um componente Fibroso (lamelas concêntricas de fibrocartilagem). Rígida

e

  • Parte Interna – Núcleo Pulposo: contém material  fibrogelatinoso – Macio.

Com a nova configuração esses discos passaram a ser mais suscetíveis ao rompimento desse “Bubbaloo”, causando herniações – as famosas “Hénias de Disco”. A Parte herniada – o núcleo pulposo extravasado – pode afetar estruturas nervosas, que passam posteriormente, causando dores na região lombar que podem irradiar-se pela perna.

As hérnias de disco são quase inexistente em outros animais em comparação aos humanos porque O “projeto original da coluna” era resistir a carga gravitacional em direção ao peito. Com a mudança para a marcha bípede e a devido a mudança da força gravitacional, eles estão mais propensos a sofrerem forças para baixo e para trás – e não em direção ao peito. O resultado são hérnias de disco – quase inexistentes em outros primatas, exceto os humanos.

Anatomicamente, em função do “projeto original” da coluna, as forças evolutivas moldaram uma coluna mais reforçada Anteriormente por um Ligamento Longitudinal Anterior resistente e forte – para prevenir a força a gravitacional em direção ao peito. Em contraste, o Ligamento Longitudinal Posterior é estreito e delgado (fino). Observe a imagem abaixo e compare o ligamento Longitudinal Anterior e Posterior:

Além disso, o Anel Fibroso (parte Externa) é mais espesso anteriormente e mais delgado ne região Posterior – Vide Imagem Abaixo. Faz todo sentido, pensando evolutivamente, uma vez que a carga era realizada em direção ao peito, em animais quadrúpedes. Todavia, com a marcha bípede, a pressão axial foi deslocada para a região posterior, justamente onde não há um anel fibroso tão resistente nem um suporte ligamentar tão eficiente.

Além da visualização de um anel fibroso mais delgado posteriormente, é possível observar a pequena área protegida pelo Ligamento Longitudinal Posterior.

 

 Espondilolistese

A coluna não foi originalemente projetada para o bipedismo, o qual impoe forças para baixo e para trás ou invés de em direção ao peito. Dessa maneira, a carga podem causar deslizamento desses discos. Em todos os animais, exceto nos humanos, os discos estão posicionados em linha com a postura do animal.

A configuração da coluna humana torna uma condição conhecida como espondilolistese – o deslizamento de duas vértebras  – mais comum.

Observe a condição nas imagens abaixo, com atenção para a primeira imagem, onde é vista a importância do já citado Ligamento Longitudinal Anterior.

Nas imagens abaixo, o mesmo ligamento não é demonstrada; porém, é possível compreender seu papel, que faz com que a luxação seja posterior. Dessa maneira, a ausência de um ligamento posterior tão resistente, pois o “protótipo” teve outra finalidade (andar quadrúpede), é um erro anatômico.

 

Mais móvel e Flexível

As já citadas curvaturas (cifoses e lordoses), surgiram para dar maior estabilidade ao andar bípede. Em relação a outros animais, a  coluna humana se tornou curva (muito mais que a de ancestrais evolutivos).

Em função dessas adaptações, a coluna do ser humano é mais Móvel e Flexível do que a dos macacos (mais rígida e sem mobilidade). ; entretanto, são muito mais propensas a sofrerem herniações em relação aos outros animais. Além disso, Há Maior Predisposição à hipercifoses e hiperlordoses, bem como a desvios laterais – escoliose.

 

 

  • A mobilidade extra da coluna humana permite dissipar o impactos maiores de uma marcha bípede. A energia de cada passada repercute diretamente na coluna, o que significa uma grande força compressiva. Uma estratégia para a dissipação dessa energia é transformar parte da carga axial (compressiva) em rotacional – “twisting”. Isto é, movimentar o braço contralateral à frente e girar a pelve – a instintiva nos locomovemos sem perceber

 

  • Todavia, uma consequência negativa – um erro anatômico -, é uma maior força de cisalhamento sobre os discos intervertebrais – os “Bubbaloos”, predispondo as herniações.

 

  • Além disso, atividades cotidianas  da atualidade e não comuns no protótipo da coluna, como levantamento de peso com má postura ou andar de mochilas, também colocam mais carga nos discos, predispondo o “Bubbaloo” a estourar.

Referências:

–  Lents, Nathan H. Human Errors: A Panorama of Our Glitches, from Pointless Bones to Broken Genes. Houghton Mifflin Harcourt, 2018.

–  Moore, Keith L., Arthur F. Dalley, and Anne MR Agur. Clinically oriented anatomy. Lippincott Williams & Wilkins, 2013.

– Thompson, Jon C. Netter’s Concise Orthopaedic Anatomy E-Book. Elsevier Health Sciences, 2015.

 

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